Há no Brasil um rosário de histórias, muitas vezes incríveis, que passam despercebidas,e que poderiam muito bem suprir autores na construção de suas personagens. Há um mundo urbano a ser descoberto, há um mundo rural fantástico, que já nos deu autores magníficos como Ricardo Guilherme Dicke, Cornélio Penna, e continua apresentando como é o caso de Nicodemos Sena.
Pois bem, nos anos quarenta surgia em peregrinação por alguns estados nordestinos uma figura penitente chamada Pedro Batista que acabará sendo a mola principal para o desenvolvimento de uma pequena localidade baiana chamada Santa Brígida.
Não teve o mesmo destino de Antonio Conselheiro, e esse penitente que pregava e curava na terra natal de Maria Bonita, acabou por entrar para a história daquela gente, que até hoje o venera.
O jornalista e escritor Humberto Mesquita, sempre muito atento às coisas de Brasil (quem não se lembra do mapeamento do Brasil, que ele fez quando atuava no SBT, chamado “Isto é Brasil”?) foi buscar na história desse penitente os subsídios para escrever o livro Santa Brígida, onde se entrecruzam realidade e ficção.
Em seu livro a história começa no interior paraibano. Uma desilusão amorosa faz com que a personagem (que aqui atende por Paulo Calixto) que tinha tudo para seguir o mesmo destino de seus pares do campo, do eito da cana-de-açúcar, empreenda uma viagem pelos entrincheirados caminhos nordestinos, transformando-se em caixeiro-viajante, cargo que o tornará assassino e mudará a sua vida radicalmente.
O autor não encaminha sua personagem para o óbvio. Ou seja, para “esquentar o enredo”, poderia ter apimentado a situação com enfrentamentos políticos, religiosos, mortandades. Não, é o entendimento que permitirá que a personagem se desenvolva e acabe construindo uma história de pura poesia.
Humberto, que nos acostumamos a fazer poesia no vídeo, constrói em seu Santa Brígida, um verdadeiro poemário.
Serviço: Santa Brígida – Humberto Mesquita, Ibrasa, 2009
Nenhum comentário:
Postar um comentário