segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Os passos de um penitente


Há no Brasil um rosário de histórias, muitas vezes incríveis, que passam despercebidas,e que poderiam muito bem suprir autores na construção de suas personagens. Há um mundo urbano a ser descoberto, há um mundo rural fantástico, que já nos deu autores magníficos como Ricardo Guilherme Dicke, Cornélio Penna, e continua apresentando como é o caso de Nicodemos Sena.
Pois bem, nos anos quarenta  surgia em peregrinação por alguns estados nordestinos uma figura penitente chamada Pedro Batista que acabará sendo a  mola principal para o desenvolvimento de uma pequena localidade baiana chamada Santa Brígida.
Não teve o mesmo destino de Antonio Conselheiro, e esse penitente que pregava e curava na terra natal de Maria Bonita, acabou por entrar para a história daquela gente, que até hoje o venera.
O jornalista e escritor Humberto Mesquita, sempre muito atento às coisas de Brasil (quem não se lembra do mapeamento do Brasil, que ele fez quando atuava no SBT, chamado “Isto é Brasil”?) foi buscar na história desse penitente os subsídios para escrever o livro Santa Brígida, onde se entrecruzam realidade e ficção.
Em seu livro a história começa no interior paraibano. Uma desilusão amorosa faz com que a personagem (que aqui atende por Paulo Calixto) que tinha tudo para seguir o mesmo destino de seus pares do campo, do eito da cana-de-açúcar, empreenda uma viagem pelos entrincheirados caminhos nordestinos, transformando-se em caixeiro-viajante, cargo que o tornará assassino e mudará a sua vida radicalmente.
O autor não encaminha sua personagem para o óbvio. Ou seja, para “esquentar o enredo”, poderia ter apimentado a situação com enfrentamentos políticos, religiosos, mortandades. Não, é o entendimento que permitirá que a personagem se desenvolva e acabe construindo uma história de pura poesia.
Humberto, que nos acostumamos a fazer poesia no vídeo, constrói em seu Santa Brígida, um verdadeiro poemário.

Serviço:  Santa Brígida – Humberto Mesquita, Ibrasa, 2009

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